Pré-candidato a governador de Goiás pelo PT afirma que partido ainda não bateu o martelo nem para o Senado nem para a vice, deixando aberta a possibilidade de diálogo com outros partidos, inclusive o PSDB se for o caso
Wolmir Amado, pré-candidato do PT a governador: "Governo de Goiás tem política de desenvolvimento excludente, que gera 400 mil goianos com fome, que gera desemprego, que arrebenta com meio ambiente, esse modelo não é sustentável" // Fotos: Divulgação
Em uma manhã petista na Câmara Municipal de Goiânia, onde o partido tem apenas um vereador – Mauro Rubem, o pré-candidato a governador do partido, Wolmir Amado, usou a tribuna para expor algumas de suas ideias e do PT para Goiás. O professor, ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wolmir leu um discurso e foi seguido na tribuna pela deputada estadual Adriana Accorsi, pré-candidata a deputada federal, e pelo ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson.
Na presença de nomes tradicionais do partido em Goiás, como o ex-presidente Osmar Magalhães, Marina Sant’Anna e Neide Aparecida, o pré-candidato petista disse que a partir de agora o PT em Goiás passa a intensificar seu trabalho de pré-campanha.
“Fui muito bem recebido pelos vereadores, com palavras de incentivo, de entusiasmo, de congraçamento, de afirmação de posições diversas, mas que se somam numa amizade social e numa fraternidade política pelo bem comum, porque acima e além de todos nós está o povo, sobretudo os que mais precisam, que demandam da nossa liderança para superar os grandes desafios e reconstruir e transformar o Brasil e Goiás”, comentou em entrevista exclusiva ao repórter Vinícius Portugal, do Portal NG.
Na entrevista, Wolmir Amado diz que seu nome foi escolhido, após um processo de maturação, por ter sido considerado o melhor do ponto de vista partidário e eleitoral, dentro da estratégia nacional do PT de formar nos estados palanque para a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República.
“Em 10 estados, o PT lançará a governos estaduais, entre eles Goiás. Em outros, o PT cedeu o cargo de governador para outros partidos em composições”, explica.
“O nosso partido tem sempre a visão da perspectiva nacional; nós queremos transformar o Brasil. E para isso um grupo a Executiva Nacional acompanha e vai discernindo com cada estado o que é melhor não só para o estado, mas em sintonia com um projeto de país e afinal o PT achou que era importante Goiás contribuir dessa forma para transformar o Brasil e para eleger Lula presidente”, acrescenta.
PORTAL NOTÍCIAS GOIÁS – Como se deu o processo para definição do nome do sr. para concorrer ao cargo de governador de Goiás?
Wolmir Amado – Foi uma caminhada longa de discernimento, de maturação do processo. Os membros do partido são sempre criteriosos, escolhendo o que seja melhor do ponto de vista partidário e eleitoral e, sobretudo, em vista do que é melhor para o povo. Então isso evoluiu. Eu aguardei os tempos necessários, que requer muito debate. Nem sempre a gente preenche todos os aspectos que às vezes são almejados, mas a gente se coloca e procura contribuir o quanto pode. Então foi um processo evolutivo.
O lançamento de candidatura própria em Goiás decorre de uma necessidade nacional?
O PT definiu que em 10 estados lançará candidatura própria a governos estaduais, entre eles Goiás. Em outros, o PT cedeu o cargo de governador para outros partidos em composições. O nosso partido tem sempre a visão da perspectiva nacional; nós queremos transformar o Brasil. E para isso o grupo a Executiva Nacional acompanha e vai discernindo com cada estado o que é melhor não só para o estado, mas em sintonia com um projeto de país e afinal o PT achou que era importante Goiás contribuiria dessa forma para transformar o Brasil e para eleger Lula presidente. Então é nessa perspectiva, nesse macro-horizonte é que nós também aqui em Goiás nos colocamos.
Que avaliação o sr. faz do governo de Ronaldo Caiado?
O tempo de Ronaldo Caiado coincide muito com a política de Jair Messias Bolsonaro, são o mesmo projeto, o mesmo modelo econômica, a mesma concepção política de ultradireita e convergem-se; são personalidades diferentes, mas convergem numa mesma convicção, no mesmo tipo de visão de sociedade, numa mesma ideologia. Então aquilo de fracassos produzidos pelo governo Bolsonaro no Brasil foram firmados, foram sustentados também aqui pelo estado de Goiás e pelo governo de Caiado.
Que pontos mais negativos o sr. destaca?
Temos muitos pontos de divergência quanto à forma de condução deste governo, que não se trata de ações, mas de constatações de resultados. Esse tipo de desenvolvimento, que é excludente, que gera 400 mil goianos com fome, que gera desemprego, que arrebenta com o nosso bioma, com o nosso meio ambiente, esse modelo não é sustentável. Não se trata de ser contra ou a favor a uma pessoa, mas a um projeto de governo e uma visão de sociedade que a nosso modo de ver produz fracasso social e ambiental. Você pode ter uma recuperação da dívida fiscal eventualmente, mas você não saneia a dívida social e ambiental. Nós queremos levar isso conjuntamente. É por isso que a nossa posição é de ordem diversa. E aí já está implícita a nossa visão de sociedade.
Qual é a base dessa visão?
Queremos promover desenvolvimento econômico, mas que ninguém fique de fora, sobretudo os mais pobres, os trabalhadores, os desempregados, a agricultura familiar, os assentamentos, as periferias, as crianças, os jovens, os idosos. Os mais excluídos, alijados da sociedade, a nossa visão é de incluí-los. E isso será a ênfase do nosso projeto de governo. E também a nossa ênfase é no desenvolvimento agrícola que produza alimentos para o povo, que gera abastecimento e supere a fome e a miséria. Em que se tenha possibilidades de ter moradias, evitar os despejos, zerar o desmatamento, proteger os biomas, as águas e a terra. Enfim, é um projeto de governo que seja de defesa da vida. E, claro, com uma visão de pacificação social. Precisamos de paz social, não produção e incitação do ódios, em razão de diferenças. Precisamos superar a homofobia, a misoginia, a exclusão dos negros, dos quilombolas, dos indígenas, dos LGBTs, todos os setores da sociedade. Precisamos incluir a juventude, que quer trabalhar, que precisa estudar. Precisamos qualificar a educação básica e superior, potencializar a ciência, a tecnologia e a inovação. Precisamos de um modelo de desenvolvimento que seja econômica, ambiental, social, humano, político e, sobretudo, civilizatório, pela paz social, pela justiça, pela fraternidade e principalmente pela inclusão das pessoas.
Qual a meta do PT em Goiás, além de formar um palanque para Lula?
O PT está num momento muito favorável. Percebemos um movimento, uma onda muito grande favorável ao Lula e o PT tem altíssima aprovação. Então almejamos eleger pelo menos seis deputados estaduais. Federais, nossa meta são quatro. Do ponto de vista da chapa majoritária, temos três candidatos ao Senado, que se apresentaram. E isso será discutido internamente junto da federação, que é o mais propício. Por outro lado, não batemos o martelo nem para o Senado nem para a vice, exatamente para ver a possibilidade de diálogo com outros partidos, inclusive o PSDB se for o caso. Então não temos isso de A ou B que estejam descartados.
Já tem uma data definida para fechar essas composições?
Não, estamos conversando. Também os outros partidos têm os tempos políticos próprios e sua própria agenda. A gente vai respeitando, mas também conversando e vendo disposições locais e nacionais para eventual composição.
Qual a importância da federação na perspectiva do PT, que se uniu ao PSB, PV e PCdoB?
A federação fortalece a chapa petista e possibilita, no futuro, mais governabilidade. A federação significa uma caminhada conjunta de partidos não só agora para as eleições, mas por quatro anos. Também significa uma distribuição de vagas pras chapas proporcionais e uma composição da chapa majoritária. Então claro que o PT se soma a esses partidos e eles conosco pra nós conduzirmos melhor de modo mais compartilhado, conjunto, esse grande projeto para Goiás e o Brasil.
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