Justiça determinou a prisão durante apuração de esquema para liberação de verbas do MEC; pastores que intermediavam liberações também são investigados
Ex-ministro Milton Ribeiro é investigado por corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) | Foto: Governo Federal
Na manhã desta quarta-feira (22/6), a Polícia Federal prendeu, em Santos (SP), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
De acordo com as investigações, o ex-ministro faz parte de um suposto esquema para liberação de verbas do MEC.
A operação investiga a prática de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação.
Foram cumpridos cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.
Além disso, também são alvo da operação os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles são investigados por atuar informalmente com prefeitos para a liberação de recursos do Ministério da Educação. O pastor Gilmar Santos também foi preso.
Além dessa acusação, o pastor Gilmar Santos também é alvo de uma acusação formal do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por manter uma empresa de fachada. O pastor é dono da Fundação Gilmar Santos desde 1995.
O MP também afirma ter identificado que a entidade recebeu doação de imóveis nunca registrados – uma chácara e um lote. Eles foram transferidos para a entidade por meio de doações à igreja Missão em Cristo.
Já Arilton Moura é acusado de fazer o pedido de propina a prefeitos, para que os recursos do MEC fossem liberados para a construção de escolas. Segundo denunciantes, Moura teria pedido pagamentos em ouro e dinheiro.
Moura é braço direito de Santos e assessor de assuntos políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, presidida por Gilmar Santos, que também é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus com sede em Goiânia.
Em março deste ano, o ex-ministro Milton Ribeiro divulgou um áudio direcionado aos pastores afirmando que o presidente Jair Bolsonaro pediu a ele que os municípios indicados pelos dois pastores recebessem prioridade na liberação de recursos.
Em depoimento à polícia, prefeitos disseram que eles [pastores] exigiram propina.
Milton Ribeiro é investigado por suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério.
O inquérito foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos pastores.
Alguns dias depois dessa notícia, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou o áudio de uma reunião que o ex-ministro confessou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar. A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", disse o Milton Ribeiro no áudio.
Ribeiro deixou o Ministério da Educação após o vazamento desse áudio. Em depoimento à PF, ele confirmou que recebeu o pastor Gilmar à pedido o presidente Jair Bolsonaro, mas negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento.
Por meio de um vídeo, o presidente Jair Bolsonaro disse que colocava “a cara no fogo” por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram "covardia".
Porém, nesta quarta-feira, indagado sobre a prisão de Ribeiro, Bolsonaro disse que o ex-‘ministro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC.
"Ele responde pelos atos dele. Se a PF prendeu, tem motivo", afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia.
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Por Géssica Veloso
Por Géssica Veloso
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Em: 22/06/2022 11:43