Possibilidade de exploração econômica das áreas do reservatório do Ribeirão João Leite é defendida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, que realiza estudos e consulta pública sobre a proposta
Parlamentares apontam ser inadmissível pensar que dá para conciliar as condições ambientais com a presença de seres humanos no reservatório que fornece água para Goiânia e região metropolitana // Fotos: Reprodução/Hellenn Reis
Duramente criticada por ambientalistas, a proposta de utilização de áreas de mata e do reservatório do Ribeirão João Leite, na região Metropolitana de Goiânia, para exploração econômica, de recreação e de lazer também foi criticada na Assembleia Legislativa de Goiás, nesta terça-feira, durante sessão plenária híbrida. A proposta é encabeçada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que faz consultas públicas para transformar o lago criado para abastecimento público em uma opção para práticas esportivas que não envolvam veículos aquáticos motorizados. O local, como outras áreas estaduais de preservação ambiental, passaria a ser explorado pela iniciativa privada.
Da tribuna, o deputado Major Araújo (PL), a exemplo de outros parlamentares, se manifestou contrário à proposta da Semad. Ele enfatizou que as áreas, inseridas em grande parte no Parque Altamiro de Moura Pacheco, são exclusivas de preservação ambiental e servem como proteção do manancial destinado ao abastecimento humano.
“Seria uma ameaça ambiental para toda a região do reservatório. Sou contra a atividade econômica e de lazer ali, por causa da poluição ambiental que vai trazer”, ponderou Araújo.
“Vamos gastar mais com tratamento da água, que pode ser poluída, e a população, em geral, não terá acesso a esse lazer”, concluiu.
No mesmo tom, Alysson Lima (PSB) apresentou um requerimento em caráter de urgência que proíbe o uso da Barragem do João Leite para fazer turismo.
Terceiro deputado a discursar, Helio de Sousa (PSDB) também avaliou que a possibilidade de exploração econômica da barragem traz uma preocupação com relação à proteção do meio ambiente, que pode sofrer com prejuízos decorrentes de poluição.
“Em 2000, através da Lei nº 9.985, foi criado o sistema nacional das unidades de conservação ambiental e através delas viemos a ter as leis estaduais de conservação”, embrou.
No período, foi construído, segundo o deputado, a barragem do João Leite, com 5.585 alqueires.
“Uma área muito interessante, que permitiu que a população de Goiânia e entorno pudesse sonhar com uma água de excelente qualidade e, mais do que isso, sonhar que ali nós vamos ter condições de abastecer até 2050, tanto a região de Goiânia quanto Aparecida e região Metropolitana”, frisou.
No ponto de vista do parlamentar, a liberação para utilização ao lazer pode gerar danos ao local.
“Seria e é altamente desastroso”, disse.
“É inadmissível pensar que dá para conciliar as condições ambientais com a presença de seres humanos”, acrescentou, com a ressalva de que, quando se trata de meio ambiente, grande parte da população se torna irracional.
Diante da afirmativa, Helio de Sousa sugeriu que a medida seja evitada, para garantir a preservação do local de abastecimento.
“Eu acho que a Assembleia Legislativa tem que se posicionar, até porque existe uma lei estadual que proíbe que isso aconteça, exatamente quando foi criado o Parque Estadual João Leite”, ponderou o deputado.
Receba nossas notícias
01/08/2022 11:06
Sugestão de matéria
Em: 19/04/2022 19:07