Por Mayone de Melo Em: 29/06/2020 18:54:17
Prefeito Iris Rezende já adiantou que a Capital deve seguir o decreto estadual. Em Aparecida o prefeito Gustavo Mendanha deve continuar com o escalonamento por macrorregiões / Foto: divulgação
Presidentes das entidades dizem que empresários precisam ser ouvidos. E afirmam que imputar às empresas a condição de locais de contaminação é, no mínimo, uma atitude de transferência de responsabilidade
Entidades que representam os empresários goianos se posicionaram contrárias à vontade do governador Ronaldo Caiado que, em videoconferência com secretários, prefeitos, membros de outros poderes e da sociedade civil organizada disse que um novo decreto vai fechar os estabelecimentos considerados não essenciais em Goiás. A medida prevê o modelo conhecido como 14x14, que representa o período de fechamento e abertura do comércio.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, afirma que assistiu à reunião virtual totalmente atônito pelo fato de se tratar apenas de um comunicado, quando, mais uma vez, o governador não ouviu os segmentos que são os maiores interessados na pauta. “Causa estranheza colocar o estudo da UFG como verdade absoluta e não ouvir outras fontes científicas”, relatou o dirigente.
A proposta que foi apresentada durante a reunião ocorrida nesta segunda-feira (29/06) é do professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel. “Um fechamento desse tipo é mais eficiente em óbitos e para a economia. Fica 50% do tempo fechado, mas salva 61,5% das pessoas que poderiam ser salvas”, disse o educador.
Outro ponto ressaltado por Fileti é o fato de que o governador falou em recomendação e não obrigatoriedade. Assim, segundo o dirigente, há nesse momento uma dúvida entre os prefeitos goianos acerca do que deve ser feito. “Lockdown depois de 100 dias?”, questiona. “Deveriam estar falando em distanciamento social e tratamento profilático”, sugere.
Além disso, o presidente da Acieg alerta para outras preocupações que extrapolam a área da saúde. “Devemos discutir a informalidade, medidas de proteção aos empresários que pagam impostos, por exemplo. O que não concordamos é com o Lockdown sem outras medidas”, pontua.
Facieg
Já a Federação das Associações Comerciais, Industriais, Empresariais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), em nota, disse que sensibiliza-se com a atual situação em que se encontra o país e, em especial, o Estado de Goiás. Compreende-se que ações efetivas necessitam ser tomadas para a proteção da vida humana. No entanto, vê com muita preocupação a proposta apresentada pelo governador Ronaldo Caiado.
“É bem sabido que todas as atividades empresariais do nosso Estado têm sido coesas no cumprimento dos protocolos de saúde exigidos. E imputar às empresas a condição de locais de contaminação é, no mínimo, uma atitude de transferência de responsabilidade. Esta ação deveria ter sido proposta para cada município por meio de um comitê, para que cada um formatasse a sua política de ação de enfrentamento da pandemia, pois cada município tem as suas peculiaridades”, esclarece o texto.
Veementemente contrária
Portanto, em nome das associações filiadas em todo o Estado, a Facieg comunica que é veementemente contrária ao fechamento dos estabelecimentos comerciais de maneira linear, considerando que as empresas que estão permanecendo abertas já estão pagando um alto custo com as medidas protetivas, sem contar o grandioso número de empresas que já fecharam, além daquelas que não conseguirão abrir novamente suas portas.
E finaliza a nota: “a proliferação do vírus no Brasil, infelizmente, é mais uma questão de consciência e de educação do que propriamente da ação laboral”, finaliza.
Região da 44
Outro representante classista que manifestou preocupação é o presidente Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Jairo Gomes. Ele afirma que os empresários, após 100 dias de fechamento, se preparavam para a reabertura das atividades que, segundo o último decreto da Prefeitura de Goiânia, ocorreria nesta terça-feira, 30 de junho.
“Diante dessa perspectiva, sugerimos ao prefeito que permita a reabertura nesses primeiros 14 dias e determine o fechamento após esse período”, disse. Porém, o prefeito Iris Rezende já adiantou que a Capital deve seguir as recomendações descritas no decreto estadual.
Em Aparecida
Alguns prefeitos, diante da fala do governador, já sinalizaram que vão acompanhar as determinações expressas no novo decreto estadual. Em Aparecida, por outro lado, Gustavo Mendanha afirmou que o município já tem um sistema de escalonamento por macrorregiões e, assim, não deve alterar o regime de abertura e fechamento dos estabelecimentos comerciais
A posição do prefeito aparecidense agradou o meio empresarial. O presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag), Maione Padeiro, afirmou as ações propostas pelo governador vão agravar ainda mais a situação caótica vivida pelos pequenos empresários goianos, que passam por dificuldades desde que foi instituída a situação de calamidade em saúde pública, no final de março de 2020.