Por Redação Em: 13/01/2021 11:07:47
O pároco estaria utilizando dinheiro das entidades religiosas criadas por ele como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas
Religioso é investigado em operação que apura lavagem de dinheiro e sonegação na Associação Filhos do Pai Eterno, responsável pela Basílica de Trindade. Conversas apontam que ele já sabia das investigações
Uma conversa de aplicativo envolvendo o padre Robson de Oliveira, ex-presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), mostra que o religioso já sabia que estava sendo investigado pelo Ministério Público.
As mensagens são de maio de 2019 e em conversas, o padre pede para que a irmã destrua "qualquer documento comprometedor" que pudesse ser obtido pelos investigadores durante Operação Vendilhões, deflagrada em agosto de 2020 e que apura irregularidades na Afipe, entidade responsável pelo Santuário Basílica de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia conhecida como a "capital da fé" do estado.
Em conversa, o padre ainda pede para que mensagens sejam apagadas com o objetivo de se livrar de provas. “Adrianne, não guarde dinheiro em casa. Apague seus arquivos com qualquer documento comprometedor. Zere as mensagens do Whatsapp. O computador onde você escreveu contrato de compra e venda ou coisas que sejam comprometedoras, troque o HD ou queime. Não guarde documentos meus: recibos e qualquer outra coisa”, teria dito o padre a irmã.
Na mensagem o padre informa que teria recebido informações “ruins”. “Provavelmente vão fazer busca e apreensão em todos os lugares que você possa imaginar. Esse povo olha até no chão do quintal”, disse.
Ele ainda pede para que recado seja repassado para os outros irmãos, Jeferson e a Joselice. “Apaguem essas conversas urgente. Não deixem isso no celular”. A irmã responde apenas com “beleza”. Robson de Oliveira diz ainda que vai ficar fora da cidade “caso aconteça”.
O padre provavelmente se referia a operação deflagrada em agosto do ano passado. Na ocasião, o MP cumpriu 16 mandatos de busca e apreensão, inclusive em imóveis luxuosos do padre, e R$ 60 milhões em bens da Afipe foram bloqueados pela Justiça.
O pároco é investigado por apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa. A investigação constatou que a maioria dos gastos das doações não tinham ligação com questões religiosas.
Em nota, a defesa do padre informou que “essa conversa é uma montagem mal feita, não é verdadeira, tanto que nunca foi apresentada e deve ser desconsiderada, bem como punido quem as criou”.