Por Géssica Veloso Em: 13/01/2021 09:43:08
Maguito Vilela era advogado por formação, já tentou seguir carreira como jogador de futebol e ocupou funções como vereador, deputado, governador e senador. No último ano ele foi eleito prefeito de Goiânia
Luiz Alberto Maguito Vilela, mais conhecido como Maguito Vilela (MDB), nasceu em Jataí em 24 de janeiro de 1949.
Ele começou a carreira política como vereador em sua cidade natal em 1977 pelo partido Aliança Renovadora Nacional (Arena), legenda conservadora que apoiou a ditadura militar.
Maguito foi vereador em entre 1977 e 1983 em Jataí e já foi Governador de Goiás e Senador pelo Estado.
O emedebista morreu após complicações do coronavírus depois de lutar por mais de 80 dias contra a doença. Maguito foi eleito prefeito de Goiânia enquanto ainda estava internado na UTI e tomou posse virtualmente.
Trajetória
Maguito sempre chamou a atenção dos goianos pelo extenso currículo na carreira pública e diversos feitos por Goiás. O que poucos conhecem é que Maguito também se aventurou nos campos de futebol. Aos 17 anos começou a se dedicar a carreira de jogador e "Maguito" foi o apelido que ganhou ainda na época.
“Eu era muito magrinho e a torcida pedia que eu ficasse em campo. Às vezes eu ficava na reserva e a torcida pedia 'magrim', 'maguim', aí ficou Maguito”, disse o político em uma entrevista.
De Luiz Alberto para Maguito Vilela, depois que o apelido foi acrescentado aos documentos do político para que ele conseguisse usar durante a primeira campanha política, para vereador de Jataí pelo partido Arena.
Depois Vilela se filiou ao MDB, no qual ocupou os cargos de vice-presidente nacional de 2000 a 2001 e assumiu a presidência entre maio e setembro de 2001.
Entre 1983 e 1987 Maguito também chegou a atuar como deputado estadual e líder de governo a Assembleia Legislativa de Goiás.
Em seguida, o político foi eleito a deputado federal, entre 1987 e 1991, sendo um dos chamados “deputados constituintes”, que trabalharam na elaboração e aprovação da Constituição Federal de 1988.
Em 1991, foi eleito vice-governador de Goiás na chapada encabeçada por Íris Rezende. No final do mandato, em 1995, venceu a eleição para governador do estado.
Maguito foi eleito Senador, após se afastar da governadoria em abril de 1998, mandato que exerceu até 2007. O político tentou retornar ao cargo de chefe do Estado por duas vezes, em 2001 e 2006, mas não conseguiu se eleger. Ele foi derrotado por Marconi Perillo (PSDB) e Alcides Rodrigues (PP).
Somente em 2008 que ele ganhou a eleição para prefeito de Aparecida de Goiânia com 81,11% dos votos e exerceu o cargo por dois mandatos até 2012.
No ano passado o emedebista disputou as eleições para prefeito de Goiânia e foi eleito no segundo turno, quando já estava internado para tratar as complicações decorrentes da Covid-19. Maguito tomou posse de forma remota dentro da UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ficou internado por mais de dois meses.
Votações
Como deputado federal, Maguito votou contra a pena de morte e a jornada de trabalho de 40 horas. O político era a favor do voto aos 16 anos da legalização do jogo do bicho e do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney. Ele ficou isento em votações polêmicas, como a criminalização do aborto.
Enquanto governador, ele lançou o Programa de Apoio às Famílias Carentes, que consistia, em essência, na distribuição de cestas básicas. Sancionou ainda uma lei aprovada pela Assembléia Legislativa goiana que permitia aos deputados estaduais, desembargadores e governadores a contratação de até dois parentes.
Fora da vida política
Além da carreira política, onde ocupou diversos cargos e posições, Maguito também foi presidente da Associação Esportiva Jataiense entre 1976 e 1977 e professor da rede estadual entre 1972 a 1977.
Maguito também era advogado e chegou a atuar na advocacia com um escritório. Ele também foi vice-presidente do Banco do Brasil. "Eu abri meu escritório de advocacia e a população chamou atenção 'olha, você é um bom orador, você podia entrar na política'", disse ele durante uma entrevista.
Família
Maguito é filho de Joaquim Vilela e Nazime Moraes Vilela. Ele deixa quatro filhos: Vanessa, Daniel, Maria Beatriz e Miguel, uma enteada: Anna Liz, e netos.
No Instagram, Daniel Vilela, único filho de Maguito Vilela que seguiu carreira política e presidente do MDB em Goiás homenageou o pai. "Hoje, infelizmente, o meu melhor amigo partiu", disse ele.
Na publicação, ele ainda falou sobre o exemplo que seu pai deixou. "O meu impecável pai, Maguito, o maior exemplo e minha maior referência. Não consigo não ser egoísta nesse momento. Queria ele ainda por muitos anos com a gente... Nessas horas ficamos pensando se poderia ter sido diferente, mas o que dizem - e eu concordo - e? que para Deus tudo tem a sua hora, e a dele foi agora e da forma que precisava ser, ao lado dos seus filhos, e dizendo até? breve. Descanse em paz!".
No final, ele agradeceu. "Obrigado, Deus, por me permitir amar e ser amado tanto pelo meu Pai!!"
Covid-19
Maguito testou positivo para o coronavírus no dia 20 de outubro de 2020, ainda durante as eleições municipais para a Prefeitura de Goiânia.
Dois dias depois ele foi internado em Goiânia e uma semana depois foi encaminhado para São Paulo para tratar de inflamação nos pulmões. Na ocasião, Maguito estava com 75% do pulmão comprometido.
No dia 30 de outubro o político teve a primeira piora no quadro respiratório e em 8 de novembro, apresentou melhora e voltou a respirar sem o equipamento. Maguito chegou a ser entubado outras vezes. A segunda vez aconteceu no dia da primeira votação.
O político chegou a fazer tratamento respiratório durante dois dias com uma máquina que imita as funções dos pulmões e do coração, para poupar os órgãos durante o tratamento.
Após testar negativo para a Covid, Maguito foi transferido para um leito comum de UTI e a máquina ECMO foi retirada. No entanto, há dois dias o prefeito eleito de Goiânia apresentou um sangramento nos pulmões e passou por uma cirurgia para controlar o quadro, que era considerável estável.
Mas ontem Maguito teve uma piora no quadro de saúde com uma infecção nos pulmões provocada por bactéria e fungos. O boletim médico do hospital informava que o estado de saúde dele era grave. Na madrugada de hoje ele acabou falecendo.
Ainda no ano passado Maguito perdeu duas irmãs para a doença com diferença de 10 dias. Os dois familiares morreram em agosto de 2020.
Nelma Vilela Veloso, de 76 anos, morreu com coronavírus no dia 19 de agosto. Ela tinha diabetes e problemas pulmonares, comorbidades que agravaram o quadro. Já no dia 28, a irmã mais velha, Nelita Vilela, de 82 anos, também faleceu. Ela ficou internada por mais de duas semanas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de Jataí.